Contra retrocesso na <i>Petrogal</i>
As refinarias de Matosinhos e de Sines voltaram a parar, devido à adesão praticamente total à greve, em defesa de direitos acordados, contra o aumento da exploração do trabalho.
É inaceitável este aumento da exploração
Esta foi uma forte reafirmação da unidade e firmeza dos trabalhadores da Petrogal (Grupo Galp Energia) e dos sindicatos da Fiequimetal/CGTP-IN, demonstradas na greve que decorreu entre os dias 17 e 19 de Setembro. Numa nota de imprensa que emitiu na tarde da passada quinta-feira, dia 18, a federação informou que o índice de adesão estava acima dos 90 por cento, em ambas as refinarias, e saudou os trabalhadores em luta, enaltecendo «a sua coragem e determinação, na luta pelas suas legítimas e justas reivindicações», e lembrando os objectivos destas greves:
- em defesa dos direitos contratuais e contra o aumento do tempo de trabalho (gratuito), por via da eliminação de dias feriados e do descanso compensatório;
- contra a diminuição das retribuições, através da redução do valor da hora de trabalho e do pagamento do trabalho extraordinário e em dias feriados;
- contra o aumento das comparticipações a cargo dos trabalhadores no regime do seguro de saúde.
Com o início da greve (zero horas, em Sines, e seis horas, em Leça da Palmeira) e a grande adesão do pessoal, acabaram por ficar totalmente paradas as três fábricas do complexo de Sines e todas as unidades fabris, bem como a refinaria de Matosinhos. Também paralisaram os terminais petrolíferos, o pipeline (oleoduto multiprodutos) Sines-Aveiras e o abastecimento de vagões-cisterna e de carros-tanque.
O índice de adesão à greve manteve-se nos dias seguintes, como foi informado numa conferência de imprensa, ao início da tarde de segunda-feira, junto à entrada principal da refinaria de Leça da Palmeira, onde se concentraram mais de uma centena de trabalhadores, como relatou a agência Lusa. Um dirigente do SITE Norte criticou a administração, por não ter dado qualquer resposta às exigências dos trabalhadores. José Santos realçou que estes apenas pretendem manter os direitos que tinham e que a empresa quer eliminar ou reduzir, a pretexto da revisão do Código do Trabalho.
A posição da administração «é totalmente inaceitável e imoral», protesta a Fiequimetal, recordando os resultados da Galp Energia, designadamente:
- obteve cerca de 200 milhões de euros de lucros, só no 1.º semestre deste ano;
- pagou 3,8 milhões de euros aos seus administradores, nesse semestre, valor que representa mais 1,1 milhões do que no mesmo período do ano passado;
- realizou uma nova distribuição intercalar de dividendos, em Setembro;
- vai receber 160 milhões de euros de incentivos financeiros públicos.
A greve terá custado milhões de euros à empresa, admitiu Armando Farias, em declarações à agência Lusa. Este dirigente da Fiequimetal e da CGTP-IN criticou a administração por ter aberto este conflito e contestou que o Código do Trabalho imponha redução de direitos, até porque «houve empresas que não alteraram» aquilo que estavam a praticar até 31 de Julho e houve «outras que recuaram devido à luta dos trabalhadores».
Amanhã, os representantes dos trabalhadores vão analisar novas formas de luta.
Central de Sines
Na central termoeléctrica de Sines, da EDP Produção, ocorreu na sexta-feira, dia 19, uma greve de duas horas na manutenção geral, revelou a União Local de sindicatos, adiantando que outras acções acontecerão brevemente. A estrutura da CGTP-IN nos concelhos do litoral alentejano acusou a EDP e a Petrogal de desrespeitarem os acordos para obterem mais-valias para os accionistas, roubando direitos aos trabalhadores, e protestou contra o generalizado silêncio da comunicação social face a estas duas greves.
Lisnave
Uma série de greves de hora e meia, de manhã e de tarde, começou anteontem na Lisnave e Lisnaveyards, com uma adesão na ordem dos cem por cento, que provocou a paragem total da produção no estaleiro da Mitrena, em Setúbal, revelou o SITE Sul, da Fiequimetal/CGTP-IN, num comunicado em que regista ainda a adesão dos trabalhadores com vínculos precários.
Os operários exigem actualização dos salários, em ambas as empresas, e pela aplicação dos direitos inscritos na contratação colectiva e que têm vigorado na Lisnave. Amanhã é o quarto e último dia deste conjunto de greves.
TST
Com uma adesão de 85 por cento dos trabalhadores, a greve de dia 19, sexta-feira, na Transportes Sul do Tejo, foi uma «forte resposta ao roubo que a administração fez no trabalho extraordinário», ao reduzir o pagamento para 50 por cento, considerou a União dos Sindicatos de Setúbal.
Em plenários realizados no Laranjeiro e em Setúbal, foi decidido apresentar à empresa um caderno reivindicativo, no qual se incluem as exigências de actualização dos salários, tendo em conta a inflação verificada, e de pagamento de todo o trabalho suplementar (em dia normal, de descanso semanal e complementar e em dia feriado) segundo o AE em vigor, informou o STRUP, da Fectrans/CGTP-IN. O sindicato revelou ainda que os trabalhadores da TST decidiram aderir massivamente à greve geral, a 14 de Novembro. Imediatamente a seguir a esta, e caso a administração não venha ao encontro das suas reivindicações, retomarão a luta.